Nair de Teffé von Hoonholtz é a Primeira mulher caricaturista do país, também considerada a
primeira do mundo, por artistas e intelectuais.
Com pseudônimo de Rian (Nair de trás para frente), ela
iniciou sua arte na revista Fon-Fon em 1907, aos 20 anos, fazendo retrato caricatural
de indivíduos, de figuras da alta sociedade e de pessoa elegantes da época.
Utilizando seus desenhos para satirizar, a recordista
teve caricaturas publicadas em revistas de Paris - França, e despertou
interesse com a Galeria das Elegâncias no Fon-Fon e a Galeria dos ‘smarts’, na
Gazeta de Notícias (1910).
Ela também expôs sua arte no salão do Jornal do Comércio,
teve diversas caricaturas incluídas no livro ‘The Beautiful Rio de Janeiro’,
que foi editado em Londres, e ilustrou a obra ‘Petrópolis, a encantadora’, de
Oto dos Prazeres.
Nair de Teffé nasceu em Petrópolis – RJ, em 1886. Em
parte, seu sucesso como artista esteve relacionado à posição social que
desfrutou: era filha do barão de Teffé (grande nome do Império e herói da
Guerra do Paraguai) e mais tarde se tornou esposa do então presidente da
República, marechal Hermes da Fonseca, ocupando o cargo de primeira-dama do
Brasil entre 1913 e 1914.
Mas o fato de assumir, à época, o cargo de mulher mais
importante da república, não foi o suficiente. Ela queria mais pioneirismo. Uma
indumentária simples, como a calça, começou a ser utilizadas por mulheres
graças à ousadia de Nair.
Foi como primeira dama que ela ampliou seu leque de ações
nunca feitas antes por mulheres. Usando o Palácio do Catete como palco, então
residencia oficial do presidente, a primeira dama organizou saraus com música
popular no repertório. Uma das características era a utilização do violão, um
instrumento considerado chulo, na época.
O Sarau que mais rendeu publicidade – negativa – foi o
dia em que ela organizou o recital do Corta Jaca, maxixe da compositora
Chiquinha Gonzaga. O episódio gerou críticas ao presidente Hermes da Fonseca,
por permitir que sua esposa quebrasse protocolos, por usar espaços públicos
para tais eventos. Na tribuna do senado, Rui Barbosa discursou contra o
episódio.
Depois desse episódio a vida dela mudou radicalmente.
Sentindo-se culpada pelo ocorrido, passou a se dedicar ao marido.
Terminado o seu mandato como presidente da República,
Hermes da Fonseca se candidata ao senado, renuncia e segue com a esposa Nair
para a Europa, retornando ao Brasil em 1920, onde morreu três anos depois.
Só em 1926, depois de longo período de luto e sofrimento
pela morte do marechal Hermes da Fonseca é que Nair de Teffé volta a
reinterpretar o seu papel como Rian, anagrama de Nair, que foi o seu pseudônimo
artístico como caricaturista.
Na década de 40 instaurou um cinema em Copacabana.
“Nos anos seguintes, - escreve Antonio Edmilson Martins
Rodrigues – Nair adotou três ou quatro crianças e foi morar na região rural de
Pendotiba, em Niterói, optando por uma vida reclusa. Vivendo em condições
econômicas difíceis, ela lutou por todos os meios para ter uma velhice
tranquila, e novamente se valeu de sua ironia para sobreviver.”
No final dos anos 70, embora muito idosa, ainda
encontrava ânimo para participar das comemorações do 8 de março – Dia
Internacional da Mulher, organizadas pelo movimento feminista de Niterói.
Aos 88 anos de idade, escreveu seu livro de memória.
Nair de Teffé, a Rian, faleceu no dia 10 de junho de 1981, quando completava 95 anos de idade.
Além de
caricaturista, ela foi pintora, cantora, atriz e pianista.
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